Líderes respeitados ou temidos?

Quem se interessou, teve curiosidade ou oportunidade de acompanhar o reality show Aprendiz 5 – O sócio, exibido recentemente pela Rede Record, fez pós-graduação em liderança apenas comparando as estratégias e as atitudes dos participantes, em particular as do vencedor Clodoaldo Araújo e do vice-campeão Henrique Sucasas. No programa, 16 participantes disputam um prêmio de 2 milhões de reais e a sociedade com o publicitário e apresentador Roberto Justus. Confinados, como convém aos reality show, e submetidos a provas que exigem concentração, autocontrole, planejamento, espírito de grupo, criatividade, atitude, visão ampliada, liderança e até certa e estudada dose de submissão, os aprendizes vão sendo, um a um, defenestrados – demitidos – até a disputa final, onde apenas um é o vencedor.Segundo a emissora, cerca de 43 mil candidatos se inscreveram para participar do programa. Gente com boa formação acadêmica, carreira executiva definida e muitos empreendedores atrás de um aporte financeiro para deslanchar no mundo dos negócios. Depois de passarem por vários testes, apenas 16 são escolhidos para participarem do programa, onde a verdade de cada um se estabelece. Vencem os mais arrojados. Sobrevivem os mais convincentes.Divididos em dois grupos, os aprendizes são atirados em representações do mundo corporativo e além de precisarem vencer o grupo adversário, precisam se mostrar como competência individual aos julgadores, no caso os consultores do programa e ao apresentador, Roberto Justos, que tem a palavra final para demitir os “infelizes”.A cada prova um participante lidera o seu grupo e, tecnicamente, os demais se submetem à sua estratégia, sendo ele o responsável final pela vitória ou derrota do grupo. Em caso de vitória, recompensa. Em caso de derrota, sala de reunião e a sempre temida demissão de um membro, que pode ser, inclusive, o líder.O que vimos nessa temporada do programa foram dois estilos de liderança polarizando os episódios. De um lado o agora sócio do Roberto Justus, Clodoaldo Araújo. Bonachão, divertido, leve, companheiro, meio atrapalhado e aquele jeitão de gente como a gente. Sua estratégia, com prioridade no material humano, o fez vencedor do programa, ganhador dos dois milhões de reais e praticamente unanimidade entre os participantes.De outro, o verdadeiro protagonista da temporada. O combativo e eloqüente Henrique Sucasas, que cada episódio do programa, vencendo ou perdendo, foi o responsável pelas mais calorosas discussões e discórdias. Seu estilo autoritário, isolacionista e pseudo perfeccionista bateu de frente com os colegas. Houve até quem se demitisse voluntariamente do programa por discordar da decisão de Justus em mantê-lo na disputa, em um episódio onde todos juravam, inclusive eu, que Sucasas fosse demitido. O aprendiz destilou arrogância, auto-suficiência e desprezo pelas idéias dos colegas. Mas foi um grande oponente e responsável por vitórias memoráveis do seu grupo. Lutou, mas morreu na praia, por quê?O mundo corporativo também é divido dessa maneira. Há líderes que atraem, compartilham, servem, conquistam e atingem resultados respeitando os colaboradores. Esses são os líderes respeitados. Há também os que repelem, massacram, mandam, concentram, mas que também alcançam resultados. Esses são os líderes temidos.A julgar, meramente, que foi apresentado no programa Clodoaldo tem todas as características do líder respeitado e Sucasas do líder temido. Qual o impacto desses perfis no sucesso de uma empresa? Creio que o desafio final do programa possa nos dar algumas pistas: Justus convocou oito dos eliminados para ajudarem os finalistas na última prova e deixou que eles escolhessem com quem queriam trabalhar. Os quatros primeiros escolheram Clodoaldo, o respeitado. Os quatros últimos também. Mas esses tiveram que trabalhar com Henrique, o temido.Andreia Silva Rego, 24, graduada em Marketing ao optar por trabalhar com o Clodoaldo, disse a seguinte frase: Com toda a força do meu coração e com todo o meu cérebro, fico com o Clodoaldo. Apesar de demonstrar características de liderança semelhante às de Henrique Sucasas, o apresentador Roberto Justus, diante da possibilidade de fechar negócio com o talentoso líder temido, preferiu o respeitado. Acredito que fez bom negócio!* Nelson Gonçalves é vendedor, publicitário e jornalista com pós graduação em marketing. É diretor da Fulltime Desenvolvimento Humano e palestrante profissional em Marketing, Vendas, Liderança e MotivaçãoFonte: VP - 2.0 Link: http://www.portalvp.com.br/site/Htmls/PessoalArtigosDetalhes.php?menu=6&editoria=Carreira&Id=448